ATA DA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 26.03.1996.
Aos vinte e seis dias do mês
de março do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
dezessete horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão destinada a comemorar o aniversário de Porto Alegre, conforme
Requerimento nº 28 (Processo nº 509/96) da Mesa Diretora. Compuseram a MESA:
Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, Senhor Raul Pont, Vice-Prefeito,
representando o Senhor Prefeito Municipal; Doutor José Raldi Sobrinho,
Excelentíssimo Chefe de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul; Coronel Irani
Siqueira, Excelentíssimo representante do Comando Militar do Sul. Em
continuidade, o Senhor Presidente deu conhecimento ao Plenário de cartão
dirigido à Casa pelo General de Exército Mário Sérgio Rodrigues de Mattos,
Comandante Militar do Sul, transmitindo cumprimentos pela passagem de mais um
aniversário de fundação desta Cidade, com votos de profícuo trabalho e pleno
êxito desta Câmara, em prol do bem-estar de toda a comunidade porto-alegrense.
A seguir, o Senhor Presidente disse que a data de hoje é propícia a
questionamentos, no sentido, principalmente, de avaliarmos o que deve ser feito
para que Porto Alegre seja uma cidade cada vez mais bonita, fazendo com que o
brilho que o polimento do passar dos tempos proporciona a faça mais suave e
melhor de ser vivida. Dando prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a
palavra aos Senhores Vereadores para que se manifestassem sobre a presente
homenagem em nome das Bancadas. O Vereador Giovani Gregol, em nome da Bancada do
PT, disse sentir-se posicionado num momento privilegiado, pois seu partido
exerce o segundo mandato consecutivo na Cidade, às vésperas do início do
terceiro milênio, e tanto melhor e mais amaremos esta Cidade quanto mais a
conhecermos em suas particularidades. Em continuidade, o Senhor Presidente
registrou as presenças em Plenário do Senhor João Carlos Vasconcelos,
Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo - EPATUR; da Senhora Ana Maria
Germani, representando a Secretaria Municipal do Meio-Ambiente; do
Tenente-Coronel Vidal, Chefe da Assessoria de Comunicação Social, representando
o Comandante Geral da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor
Luiz Sérgio Metz, representando a Secretaria Municipal de Cultura; do Senhor
José Mansur Abrahim, representando a Secretaria de Obras Públicas e Habitação
do Estado do Rio Grande do Sul; da Senhora Tenisa Spínelli, representando a
Secretaria Estadual de Cultura, e do Senhor Renato Corte Real, representando o
Deputado Estadual Vieira da Cunha. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da
Bancada do PMDB, referiu-se ao orgulho que sente de viver em Porto Alegre, da
sua história, do seu passado e do anseio por um futuro Porto Alegre mais
participativo, mais igualitário, com homens e mulheres exercendo seus direitos
de verdadeiros cidadãos. O Vereador Pereira de Souza, em nome das Bancadas do
PFL, PPB e PTB, reportou-se à satisfação e alegria sentidas por poder
participar desta Sessão Solene, dizendo-se lisonjeado pela oportunidade de
homenagear esta Cidade. O Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PC do B,
disse que a data de hoje não é uma mera formalidade, pois comemorar é, também,
examinar os graves problemas que a cidade vive, rendendo suas homenagens a
Porto Alegre rebelde e combativa. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada
do PPS, pronunciou-se a respeito da condição excepcional de Porto Alegre, a
qual, embora jovem, nos seus 224 anos, é plena de potencialidades, sendo
considerada a cidade mais desenvolvida do sul do País e fez votos para que
outros aniversários possam ser comemorados com o mesmo entusiasmo e satisfação.
Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vice-Prefeito de Porto Alegre,
Doutor Raul Pont, o qual salientou como principal característica de Porto
Alegre a tolerância da pluralidade, da diversidade, além do culto ao sentimento
de cidadania e sua capacidade de autogestionar suas relações sociais. Às
dezoito horas e trinta e seis minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador
Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, secretário "ad hoc",
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Declaramos aberta esta 3º
Sessão Solene destinada a comemorar o aniversário de Porto Alegre. A Mesa é
composta por este Presidente, o Vice-Prefeito da Cidade de Porto Alegre, na
oportunidade representando S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre,
Dr. Tarso Genro; Exmo. Sr. Chefe de Polícia do Estado, Dr. José Raldi Sobrinho;
Exmo. representante do Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira.
Dentre outras
manifestações que chegaram a esta Casa, registramos neste momento, entregue em
mãos pelo Cel. Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul, um
cartão dirigido a esta Presidência firmado pelo General do Exército Mário
Sérgio Rodrigues de Mattos, Comandante Militar do Sul, que tem o seguinte Teor.
(Lê.)
Em meu nome e no dos demais integrantes deste
Comando, apresento a V. Exa. e concidadãos desta bela cidade, os cumprimentos
pela passagem de mais um aniversário de fundação, com votos de profícuo
trabalho e pleno êxito desta Casa, em prol do bem-estar de toda a comunidade
porto-alegrense.
Assina General do Exército Mário Sérgio Rodrigues de Mattos, Comandante Militar do Sul.
Srs. Vereadores
e demais presentes. (Lê.)
Na data em que comemoramos os 224 anos de Porto
Alegre, é, também, o momento em que nos debruçamos sobre muitos
questionamentos. Um deles, importante como resposta que esta Cidade exige: será
que nós, porto-alegrenses, fizemos tudo o que podíamos para fazê-la feliz como
ela nos faz? Com certeza não. Portanto, neste momento de festa, vamos refletir
e buscar, junto ao cidadão que vive aqui o seu dia-a-dia, como fazer para
realizar objetivos comuns e que são indispensáveis para uma Porto Alegre mais
justa e mais feliz.
Se nos reportarmos ao passado, vamos verificar que
as pedras basilares da nossa Cidade foram forjadas com amor, sentimento que
transparece no semblante dos que aqui nasceram e dos que por vontade própria
escolheram um lugar hospitaleiro, com a bonança e o aconchego que só uma mãe
sabe oferecer e que nossa Capital possui de sobra. A história nos aponta o
caminho. Precisamos hoje fazer um ato de fé para que o nosso Guaíba, espelho
onde se refletem o sol, a lua e as estrelas, que é, com certeza, a fonte
inspiradora de poetas e enamorados, volte ao seu leito original onde a vida
surgia frutífera e generosa. É preciso que, do cais-do-porto até o final de sua
orla, o Guaíba tenha, efetivamente, um projeto paisagístico que o modele de
acordo com sua grandiosidade e importância. Temos o mais belo pôr-do-sol em
águas doces. Possuímos uma Cidade que reúne beleza e condições para ser uma
desbravadora em nosso País, no caminho para se transformar numa capital de primeiro
mundo. Precisamos colocar mãos à obra para que o nosso rio ou estuário, como
dizem muitos, volte a ser totalmente balneável, para que suas praias voltem a
receber a alegria de muitos porto-alegrenses, que saudosos das tardes em suas
águas, amenizavam o calor de nosso verão tropical.
Mário Quintana viu nas ruas de sua e nossa Cidade o
encanto das musas inspiradoras, assim como tantos outros poetas realizaram
obras de grande beleza sentindo e amando Porto Alegre. É por esses e outros
poetas que tinham a certeza da generosidade desta terra que precisamos fazer de
Porto Alegre uma cidade cada vez mais bonita, com o brilho que o polimento do
passar dos tempos tornará ainda mais suave e melhor de ser vivida.
Segurança, educação, trânsito livre, água e saneamento
básico para todos, moradia, paz e serenidade para a formação das futuras
gerações, é o que precisamos buscar para contribuir com você, Porto Alegre,
para fazer justiça pelo muito que já recebemos de ti, ao longo desses 224 anos.
Parabéns, jovem e experiente cidade que nos abraça a cada novo dia.
Está é a mensagem que deixamos registrada àqueles que estão aqui presentes e também para os Anais desta Casa. Que fique marcado como manifestação, Sr. Vice-Prefeito, do nosso amor e do empenho por esta Cidade, que nos acolheu e escolhe a todos de forma tão generosa, tão amiga. Para aqueles que aqui chegam e que fazem sua opção de vida em Porto Alegre, a Cidade é reconhecida, indiscutivelmente, apesar dos problemas que tem. É um dos lugares mais adequados e mais apropriados para uma vida de qualidade, uma vida boa de ser vivida. Saudamos, portanto, a ti, Porto Alegre, por ocasião desses 224 anos de existência, e a todos nós, que vivemos nesta Cidade e que tanto a amamos.
O Ver. Giovani
Gregol está com a palavra para falar em nome da Bancada do PT.
O SR. GIOVANI GREGOL: (Saúda os componentes da
Mesa.) Eu tive a satisfação e a honra de ser indicado pela Liderança da minha
Bancada, o PT, para, nesta Sessão que comemora mais um aniversário e que
homenageia a Cidade de Porto Alegre, fazer uso da tribuna neste momento tão
importante e comemorativo para nós; porque se esta Casa, obviamente, existe e
tem justificativa para existir, nós sabemos que tem, só e unicamente, em função
da Cidade, e a Cidade, por sua vez, só existe em função do seu povo, da sua
população. Eu concordo com aqueles que dizem que a Câmara é uma espécie de
resumo democrático da Cidade. Não é o único. Alguns acham que não é o melhor,
mas é aquele que, historicamente, é o mais reverenciado e reconhecido, sendo a
síntese democrática da Cidade nas suas expressões político-partidárias, nos
seus movimentos sociais, nas suas instituições, nos seus grupos de interesse.
Temos aqui a satisfação de termos Vereadores do mais alto nível e que não
representam só suas cores partidárias, mas representam movimentos diferentes,
de mulheres, sindical, ecológico, categorias profissionais. Enfim, é realmente
um somatório interessante este que aqui acontece.
Por outro lado,
nós, do PT, temos a honra e a responsabilidade correspondente de sermos a
Bancada majoritária desta Casa, a Bancada de dez Vereadores, e também, por,
fim, o partido majoritário, que junto com outros partidos que integram a Frente
Popular governa já pelo oitavo ano consecutivo esta Cidade.
Temos feito um
esforço muito grande – os Senhores sabem -, esforço este que tem sido
reconhecido, apesar dos nossos erros, que são normais. Porque, dizia ainda hoje
numa reunião da nossa Bancada, apesar de não sermos anjos, de não querermos
substituí-los - eles têm o seu lugar garantido -, apesar da moda da angiologia,
nós, seres humanos, também não somos demônios, e não queremos sê-los, mas nós
erramos, sim. E se a história avança, talvez não seja apesar dos erros, como
disse aquele historiador, talvez seja porque dos erros, porque se erra, é que
dialeticamente se é capaz de avançar, de aperfeiçoar. Assim caminha a
humanidade, não numa linha reta e estendida, inelástica, mas através de um
processo muito mais tortuoso de acertos, erros, de caminhada, às vezes até na
neblina. E vivemos em tempos difíceis, em termos planetários, que afetam também
a nossa Cidade. Mas temo-nos esforçado, temos sido reconhecidos.
Quero citar
apenas um fato, e não vim aqui para incensar, mas, quanto à questão do
Orçamento Participativo – que não é paternidade do PT, sempre reconhecemos isto
-, são experiências anteriores que tivemos, talvez, o privilégio e a
competência de sistematizar, de aprofundar, de qualificar junto com a
população. Se a população não estivesse preparada para estar experiência, não
haveria poder outro que a fizesse entender e praticar.
Fomos
selecionados pela ONU, no Habitat II, entre tantas experiências, que esta Casa,
reconhecendo a importância desse processo, embora alguns vejam nela elementos
diabólicos, até para anular esta Casa, vem fazendo um discussão, na qual não
queremos entrar no mérito, no sentido de informalizar, mas sempre no sentido de
reconhecer isto.
Amamos esta
Cidade. Nós todos temos que conhecer esta Cidade, porque só podemos amar, e
tanto melhor e mais amaremos, aquilo que nós conhecemos e reconhecemos. E neste
dia do 224º ano de existência formal desta Cidade, queremo-nos declarar
insatisfeitos porque muitas administrações, muitas pessoas amaram e lutaram por
esta Cidade, dentro e fora do poder, principalmente. Muitas tentaram fazer
muito por ela, mas muito e muito mais eu acho que nós devemos fazer. É um
momento privilegiado, porque nós estamos, na prática, iniciando uma campanha
eleitoral. O próximo Prefeito que assumir as rédeas do governo da Cidade, não
as rédeas da Cidade, porque não se deixa cabrestear por ninguém, nem esta Casa,
que é símbolo da Cidade, mas aquele que tiver o governo desta Cidade nas suas
mãos será Prefeito no ano 2.000, será Prefeito no início do próximo milênio, no
terceiro milênio. Vejam a profunda significação qualitativa, inclusive com “n”
implicações, não só políticas. E a nossa Câmara também precisa e deve, e
sabemos que através da sua Presidência está se qualificando para esse momento,
porque não basta mais administrar. Nunca bastou e principalmente agora, Ver.
Clovis, V. Exa., que foi um grande Secretário de Planejamento e que trabalhou
com essa máxima. Não basta administrar o feijão com o arroz para nossa Cidade,
não basta também fazê-lo temperado. Nós temos que continuar a pensar na Cidade
de Porto Alegre do ano 2.010, 2.020, 2.040, 2.050. Alguns de nós talvez não
estejamos vivos até lá, mas aquilo que fizermos agora e deixarmos de fazer –
porque se peca por omissão, não se peca só por ação – vai ter reflexo lá, na
qualidade de vida da Cidade que nós queremos.
Encerro
perguntando: queremos ser uma São Paulo? Nós queremos ser uma cidade em que o
carro domina e em que se demora duas horas em média, de automóvel, da
residência até a sede do emprego? Nós concordamos com aquele Prefeito que diz
que engarrafamento é desenvolvimento? São questões que nós temos que nos
colocar, porque Porto Alegre já é a Cidade com o maior índice de automóveis por
cidadão. Nós temos um carro para 2,6 habitantes. Do Brasil é um dos maiores
índices. Então, temos que nos perguntar por que Porto Alegre ainda não tem
ciclovias em quantidades adequadas. Por que um produtor da zona rural, da zona
sul, leva a sua produção para a CEASA e o bodegueiro que vende o produto que
ele produz ali do lado tem que ir até a CEASA, duas viagens? Isso são coisas
que nós, como Cidade, seus governantes, não conseguimos abordar adequadamente.
Coisas simples que os próximos governantes, sejam de que partido forem, terão
que enfrentar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar as presenças do Sr.
João Carlos Vasconcellos, Presidente da EPATUR; Sra. Ana Maria Germani,
representante da SMAM; do Sr. Tenente-Coronel Vidal, Chefe da Assessoria de
Comunicação Social, representante do Comandante-Geral da Brigada Militar, Sr.
Luiz Sérgio Metz, representante da Secretaria Municipal de Cultura; Sr. José
Mansur Abrahin, representante da Secretaria de Obras Públicas e Habitação do
Estado do Rio Grande do Sul; Sra. Tenisa Spínelli, representante da Secretaria
Estadual de Cultura; Sr. Renato Corte Real, representando o Deputado Estadual
Vieira da Cunha.
Gostaria de
convidar o Tenente-Coronel Vidal para fazer parte da Mesa.
Passamos a
palavra à Vera. Clênia Maranhão, que falará em nome do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: (Saúda os componentes da
Mesa.) Dia de aniversário é sempre saudade, de resgate de vida, de
reconstituição da história. Penso hoje em Porto Alegre dentro deste marco,
assim tentando entender o mistério do seu encanto, dividindo com vocês um pouco
da emoção que vivo.
O mistério do
encanto da Cidade nasce, quem sabe, da sabedoria dos tempos, não apenas dos
últimos duzentos e vinte e quatro anos, que hoje, com prazer, comemoramos, mas
da energia que paira no lago originário da convulsão da terra e do mar que,
juntos, movem as entranhas do planeta, criando assim condições para a
existência da água e do alimento para seus primeiros habitantes, habitantes
quase desconhecidos para nós. Sabemos tão pouco deles! Sabemos tão pouco dos
seus descendentes, um pouco mais conhecidos, os guayras e guaranis, que
permanecem nos traços fisionômicos de alguns dos porto-alegrenses. Mas,
pensando nos mistérios da terra onde estamos, concluo que a beleza ímpar do
pôr-do-sol do Guaíba deve ser o reflexo da capacidade de seus primeiros
habitantes de adorarem a natureza. A beleza do pôr-do-sol é, portanto, a
resposta da paixão à capacidade de amá-lo dos seus primeiros moradores. Quem
sabe das suas características guerreiras nascem o chamado espírito de luta dos
porto-alegrenses, da nossa comunidade de remotas origens, a capacidade ou
pressão que tão bem nós, os Vereadores, conhecemos ainda neste final do século
XX. Talvez, quem sabe, esta força, somada, tantos anos depois, à sagacidade do
espírito de desafio dos longínquos navegantes dos Açores, tenha formado o
espírito combatível e suave que dá a base à nossa música expressa na poesia de
Quintana, na melodia do Fogaça, na sutileza da gaita do Borguettinho.
Tão longe e tão
perto é o passado de um povo! Mas o que são 224 anos para quem viverá para
sempre, para quem, pelos nossos sonhos, viverá a eternidade?
Parece ontem!
Mas é assim, falar do passado nos deixa saudosos, e se sigo assim, logo mais
vou falar de Porto Alegre dos candeeiros, dos bondes, da rua do Cotovelo, dos
inúmeros arroios mortos pela ação dos homens no decorrer dos tempos, e lembrar
o Arraial Menino Deus. E, quem sabe, vou fazer como os saudosos convictos que
afirmam que o ontem era sempre melhor que o hoje.
Vou corrigir,
então, o rumo do meu pensamento e dizer que me orgulho de viver em Porto
Alegre, do Grêmio e do Inter, da UFRGS, da Praça da Matriz, do Teatro São
Pedro, da Casa Mário Quintana, da Usina do Gasômetro, do nosso dia-a-dia e dos
nossos sonhos. E sonhar um sonho com um futuro Porto Alegre ainda mais participativo,
mais igualitário, com arroios, mas sem valões, com bairros, mas sem favelas,
com mulheres e homens exercendo seus direitos de verdadeiros cidadãos! Muito
obrigada.
(Não revisto pelo oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pereira de Souza, que fala pelas
Bancadas do PFL, PPB e PTB, está com a palavra.
O SR. PEREIRA DE SOUZA: Sr. Presidente e demais
autoridades da Mesa já nomeadas. Para mim é uma grande satisfação e uma alegria
hoje, eventualmente, passar por esta Câmara de Vereadores na qualidade de
substituto do nosso colega e grande Vereador Reginaldo Pujol, o que nos honra
muito, porque temos a certeza de que ele gostaria de hoje estar presente nesta
Sessão de homenagem à Cidade de Porto Alegre.
Por duas razões
também me sinto satisfeito. Uma delas, por ser porto-alegrense. Aliás, não é
uma qualidade, mas, na verdade, é que, mesmo quando se fala neste ambiente de
Câmara, são poucos os que são de Porto Alegre. Eu sou um dos porto-alegrenses
que nasceu na velha Rua da Alegria, na Centro da Cidade de Porto Alegre, hoje
General Vitorino. Essa é uma das alegrias. Vi o bonde Gasômetro. Vi a Usina do
Gasômetro funcionando e o velho bonde Gasômetro, que era o bonde circular.
Passava no Centro da Cidade, na Praça da Alfândega. Porto Alegre, que nos toca
de perto, e a mim por outra razão, que é a segunda, de ser filho de um
imigrante português, que adotou Porto Alegre como a sua cidade natal. Meu pai,
português nato, me criou com muito amor por esta Cidade e, como bom português,
dava-me os valores humanos que esta Cidade sempre cultuou. Aprendi desde cedo
que a Santa Casa de Misericórdia - as misericórdias do Brasil inteiro foram
criadas pelos portugueses -, esta Santa Casa que está aí foi criada pelos
portugueses. Em seguida, foi criada também a Beneficência Portuguesa, da qual
eu tive a honra e o prazer de ser, por duas vezes, Presidente Executivo e duas
vezes Presidente do seu Conselho, numa luta árdua que até hoje perdura. As
misericórdias e todos esses hospitais de caridade lutam com uma dificuldade imensa
devido ao nosso sistema e dificuldades da Previdência. O Hospital São Pedro
também foi criado pelos portugueses, antes da Beneficência Portuguesa. Todas
essas instituições eram fora dos muros da Cidade de Porto Alegre, porque os
muros terminavam na Praça do Portão - por isso o nome “Praça do Portão”. Ali,
tudo ficava fora. A Beneficência Portuguesa ficava na Estrada da Aldeia dos
Anjos, que passava por cima da Independência e ia sair em Gravataí. Aqueles
mais antigos sabem que era Aldeia dos Anjos o nome de Gravataí. Para mim,
toca-me no coração tudo isso que se fala de Porto Alegre. Depois, cursei a
Engenharia e por uma fatalidade tornei-me empreiteiro da Prefeitura de Porto
Alegre por longa data. Talvez tenha sido o maior pavimentador de Porto Alegre,
como a Av. Ipiranga, a Av. Bento Gonçalves. E aí tocou-me mais de perto ainda,
porque mexi com a Cidade, senti a Cidade dentro das suas artérias, das suas
veias, dos seus problemas. Toda vez que tinha a Semana de Porto Alegre, esta
Semana, para mim, era um semana preocupante, porque antes se comemorava em
novembro e todas as obras precisavam ser terminadas naquela semana, porque era
o festejo da nossa Cidade. É muita alegria, Sr. Prefeito em exercício, Dr. Raul
Pont, que eu sinto em homenagear esta Cidade na sua pessoa, representando o
Prefeito de Porto Alegre, porque ela é merecida, e Deus queira que continuemos,
todos nós, amando esta Cidade, trabalhando por ela e não deixando
transformá-la, como foi dito ainda há pouco, numa megalópolis, como São Paulo ou
outra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Raul Carrion pelo PCdoB.
O SR. RAUL CARRION: Prezado Sr. Presidente Isaac
Ainhorn, prezadas autoridades já nominadas, prezados colegas Vereadores,
prezados amigos presentes. Estamos hoje comemorando o fato de, há 224 anos,
este lugarejo que aqui existia ter sido levado à situação de Freguesia de São
Francisco do Porto dos Casais. Um ano depois se transformou na capital de fato
da então Província e em 1822 foi elevada à situação de cidade. Comemorar é
recordarmos o passado para compreendermos o presente e para construirmos o
futuro. Não é uma mera formalidade. Mas comemorar é também examinarmos os
graves problemas que a nossa Cidade, que o nosso Estado, que o nosso Brasil
vive e sofre. Porto Alegre é um reflexo de um todo maior da grande crise que a
sociedade brasileira vive, crise que se aprofunda por conta de um projeto que
hoje se aplica ao nosso País, tão malfadado projeto neoliberal que alguns
atribuem ao Collor de Mello, mas que, na verdade, as suas origens estão longe
como dizia o Líder gaúcho Brizola, e não tão ali na Prata, em Buenos Aires.
Estão no chamado Grande Consenso de Washington que destinou aos povos um papel
de uma integração na chamada globalização, numa situação subalterna, numa
situação de uma colônia moderna. Hoje, conversávamos ali na entrada sobre uma
situação insólita, o Banco do Brasil, que até acreditava que tinha oitenta
anos, mas é de 1808, portanto, um banco do tempo do Império, que sempre foi um
banco lucrativo, que sempre financiou a agricultura, a pequena e média empresa.
Em dois anos conseguiram levá-lo para o maior prejuízo de sua história: 4,2
bilhões de Reais. Devem ser os bancários os culpados, não é? Todos esses anos
deu certo. Não tem nada a ver, evidentemente, com o projeto que hoje se aplica
no Brasil. PETROBRÁS, ELETROBRÁS, TELEBRÁS, que hoje saiu a noticia de quase 1
bilhão de lucro; Vale do Rio Doce, que descobriu o ouro, tudo isso sendo
entregue com grande regozijo, banda de música. Vemos que os símbolos da
nacionalidade desse País estão sendo liquidados. O povo tem os seus direitos,
que são direitos conquistados em anos de luta. Até a carteira assinada hoje a
modernidade fala que deve ser tirada. Alguém dizia que queremos revogar a Lei
Áurea, de 1888. Também se incluem a previdência social e outros direitos
sociais. No campo da democracia, creio que nem no Império se legislava como
hoje. A média são 36 Medidas Provisórias por mês, ou seja, mais de uma por dia.
Que democracia é essa? Onde está a divisão de poderes? É isso que temos que
contextualizar ao comemorarmos os 224 anos.
Realmente não
são dias prósperos, dias bons de comemorar. A nossa agricultura... – não
preciso falar. A nossa indústria registra o maior desemprego que já se viu.
Essa comemoração é um pouco amarga, mas a realidade é amarga, não somos nós.
Queremos
homenagear nesses 224 anos a Porto Alegre rebelde; a Porto Alegre de luta; do
povo oprimido; a Porto Alegre que foi o coração da legalidade; a Porto Alegre
das “ Diretas Já”; a Porto Alegre do “Fora Collor”; a Porto Alegre que luta
hoje para enfrentar e resistir a esse governo entreguista, antipopular,
antidemocrático que vigora no País; a Porto Alegre que um dia, no seu
estandarte, mais do que “mui legal e valerosa”, terá “mui rebelde e combativa”
Porto Alegre; a Porto Alegre que um dia, com toda a certeza, será socialista,
fraterna, onde a exploração do homem pelo homem tenha sido exterminada. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann pelo PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Exmos.
membros da Mesa, Senhoras e Senhores Vereadores. Temos o privilégio de viver
numa Cidade excepcional, embora jovem – 224 anos! Porto Alegre se nos antepara
com toda a sua beleza, sua plenitude, com toda sua potencialidade. E esta Casa,
que este ano completa 223 anos, portanto anterior à Revolução Francesa, à
Independência Americana, tem acompanhado a evolução da Cidade na medida das
suas possibilidades, necessidades e dos seus interesses, tentando reproduzir
tudo isso para a sociedade que aqui vive. E ela vem de várias partes do Estado,
porque Porto Alegre é a confluência das correntes migratórias que, por várias
razões, acorrem a esta Cidade. Sua Câmara e sua administração têm procurado
corresponder aos anseios dessa mole humana que para aqui aflui. No concerto das
cidades brasileiras, Porto Alegre, como a capital regional mais austral do
País, se limita com países vizinhos amigos de outras origens. Ainda há pouco eu
via uma assertiva que eu tinha cunhado, por acaso, aqui: o Brasil viveu sempre
de costas para os seus companheiros sul-americanos de outra origem, de outra
língua; os brasileiros de origem portuguesa viveram durante largo tempo de
costas para os irmãos ibero-americanos.
Agora, com a
implementação do MERCOSUL, que é um artifício, mas com a necessidade da
integração regional, nós estamos nos acostumando a encarar os nossos irmãos de
língua espanhola como nossos irmãos. E as guerras que se produziram já fazem
parte do passado, triste passado.
Porto Alegre
goza, por essa condição excepcional de Cidade do sul do País mais desenvolvida,
de posição privilegiada de produzir resultados diferentes daqueles produzidos
no restante do País, principalmente no norte e nordeste. Temos outra composição
social, outra visão de mundo. Até as condições físicas da nossa região diferem
e, por isso, a nossa diversidade agrícola, a nossa vocação para determinados
ramos industriais. E Porto Alegre tem sabido corresponder como Capital deste
Estado e como centro de uma Região Metropolitana que representa metade do PIB
do Rio Grande do Sul e um terço da população do Estado. É grande a nossa
responsabilidade. Precisamos dar curso a isso. Infelizmente, estamos notando
que no campo político o do Rio Grande do Sul está ficando atrasado. Temos que
recuperar isso.
A Administração
Popular de Porto Alegre é um contraponto a esse atraso. Não é por vaidade, não
é por nada, é uma constatação. Por isso as eleições deste ano se apresentam
para Porto Alegre com uma importância fundamental, de manter essa visão, de
manter esse rumo, esse norte.
Não devo me
estender mais, porque uma análise mais profunda da situação atual levaria muito
tempo e nós estamos aqui, no ocaso de uma tarde outonal em que se comemoram,
oficialmente, os 224 anos desta Cidade de quem acho que a maioria de nós, com
exceção do nobre Vereador Pereira Souza, somos hóspedes privilegiados. Mais de
um porto-alegrense... de repente, a maioria é porto-alegrense, mas não invalida
a miscigenação que aqui se produziu. Temos Vereadores aqui até de outros
Estados da Federação – Paraíba, Alagoas. Temos de todas as procedências.
Fazemos votos
para que possamos comemorar outros aniversários com o mesmo entusiasmo ou pelo
menos, com a mesma antevisão do que nos espera no futuro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao Sr. Vice-Prefeito de
Porto Alegre, Dr. Raul Pont, que representa o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Tarso
Genro.
O SR. RAUL PONT: Sr. Presidente, autoridades que compõem a
Mesa; nobres Vereadores; funcionários desta Casa; pessoas que assistem a esta
Sessão Solene comemorativa aos 224 anos da nossa Cidade. Digo nossa, porque
todos nós, mesmo não tendo nascido aqui, adotamos esta Cidade e fazemos dela
uma das razões do nosso cotidiano, da nossa existência.
Uma das marcas
que mais tem identificado Porto Alegre é o fato de que somos compostos de uma
formação étnica distinta, diferenciada. Não temos, talvez, a hegemonia ou o
predomínio de uma ou outra etnia como algumas cidades do Rio Grande do Sul,
onde a colonização demarcou muito bem isso seja a colonização italiana, alemã,
mas isso, antes de ser um defeito, certamente, transformou-se numa virtude,
porque esse cosmopolitismo de Porto Alegre é uma das suas principais
características: a tolerância da pluralidade, a tolerância da diversidade, a
tolerância de compreendermos que as relações políticas e sociais são,
necessariamente, fundadas na capacidade da tolerância com a diversidade. Esse
elemento Porto Alegre tem revelado, uma capacidade exemplar na vida política e
social do País. E disso todos nós devemo-nos orgulhar, orgulhar no sentido de
reproduzir essa virtude, transformando-a num dos elementos centrais das nossas
relações sociais.
Aqui existem
partidos políticos como em qualquer outra capital brasileira, mas não há
ufanismo nem bairrismo em afirmarmos que é difícil encontrarmos outra cidade
deste porte que cultue a cidadania, que respeite e fortaleça essa condição
humana como nós fazemos aqui. Certamente, seria difícil termos tragédias como o
massacre de Carandiru traduzido como uma mera banalidade. Aqui em Porto Alegre,
certamente, o massacre da Candelária não passaria, também, como um
acontecimento corriqueiro, porque a sociedade civil enraizou valores culturais,
valores de respeito à vida, à natureza, que têm demostrado uma capacidade de
tolerância que tem marcado a nossa história.
No Domingo,
fizemos uma homenagem muito simples no Brique da Redenção, dentro dos festejos
da nossa Cidade, que foi a entrega do prêmio dos Amigos da Cidade. Não
estávamos premiando os grandes empresários de Porto Alegre, que têm a sua
importância na nossa historia; não estávamos entregando um prêmio a um grande
banqueiro, ou reconhecendo o trabalho de um parlamentar da nossa Cidade; mas
estávamos ali entregando o reconhecimento a um conjunto de cidadãos que
marcaram a sua trajetória nos últimos tempos, ou por estarem vinculados
diretamente a sua comunidade, cuidando de crianças, cuidando de idosos, de
pessoas doentes, dedicando a sua vida a esse tipo de mister. Reconhecíamos,
ali, a figura do líder comunitário, que se entrega voluntariamente, sem nenhuma
remuneração, para assumir a liderança na sua rua, no seu bairro, para dar
melhores condições de vida aos seus vizinhos, aos seus iguais, de um bairro, de
uma vila da cidade.
Esta homenagem,
que para nós foi muito marcante, muito comovente, e realizada junto com o
aniversário do Brique, algo que nos identifica enquanto expressão cultural,
parece-me que é uma forma que traduz muito bem o sentido que estou dando a
esses valores que nós todos cultuamos.
Nós
gostaríamos, em nome do Prefeito Tarso Genro, de agradecer por esta homenagem;
a Câmara prestando esta homenagem à Cidade, todos nós, moradores, nos incluímos
nesta homenagem. E dizer que, se nós temos valores a cultuar e a defender, são
exatamente esses valores da cidadania. Se todos nós nos empenhamos na
qualificação da condição de cidadão, nós estaremos cumprindo o nosso papel como
executivos, como administradores, como legisladores desta Cidade, porque esta
condição de cidadania vai fazer com que Porto Alegre mantenha o seu rumo,
encontre os seus caminhos, porque é exatamente essa capacidade de autonomia de
cada cidadão de autogestionar as suas relações sociais que faz a grandeza de
uma cidade. As cidades todas são singulares. Nós achamos que não devemos copiar
nem imitar ninguém, por mais que o progresso, por mais que um estilo
arquitetônico, por mais que algum modismo urbanístico nos cative ou nos tente.
O que identifica uma cidade são as suas singularidades, e aqui já foram várias
delas apontadas nas intervenções que foram feitas, e devemos cultuar também
essas nossas individualidades, elas que marcam Porto Alegre, elas que estão
completando hoje 224 anos. E é exatamente isso que queremos, enquanto Poder
Executivo, saudar junto com os Senhores.
Temos uma
programação intensa até o Domingo. Hoje estaremos entregando a medalha da
Cidade para vários cidadãos também eméritos que desempenharam funções
importantes nas várias áreas do conhecimento, da ação comunitária, para os
quais estamos renovando o convite de presença no salão de atos da Universidade
e também estendendo o convite para que todos possam estar engajados nas demais
atividades que realizaremos até o domingo, visando dar um pouco mais de brilho
e de presença nestas comemorações de mais um aniversário.
Obrigado a
todos vocês. E parabéns, Porto Alegre! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos esta Sessão, queremos
agradecer aos Vereadores que fizeram uso da palavra e aos Vereadores Clovis
Ilgenfritz, João Verle, Guilherme Barbosa e Milton Zuanazzi, que se fazem aqui
presentes. Quero agradecer pela presença do representante da Brigada Militar,
do Sr. Chefe de Policia, do representante do Comando Militar do Sul, do Sr.
Vice-Prefeito, dos representantes da Secretaria Municipal de Cultura, da
Secretaria Estadual de Cultura, do Presidente da EPATUR, do Ver. José Valdir,
apesar de se encontrar lá nas galerias da Casa, do Ver. Artur Zanella, de
algumas pessoas do público. Serviu para uma reflexão. E as manifestações
marcaram coisas que gostaria de acentuar: a lembrança da época dos bondes, que
há pouco o Ver. Pereira de Souza referia cujo fim da linha era ali no Presídio,
no Gasômetro, na Pantaleão Teles, hoje Washington Luiz. O bonde Gasômetro vinha
até ali. Hoje, infelizmente, nós, para chegarmos aqui na Câmara, precisamos de
duas conduções. Não é uma crítica, porque isto já vem há muito tempo, desde o
período em que os bondes foram retirados de circulação na nossa Cidade. A
Cidade cresceu muito de lá para cá. Aqui está, indiscutivelmente, a estrutura
administrativa da Cidade, o Poder Judiciário, o Tribunal do Trabalho, o Centro
Administrativo – tudo está aqui. Nós temos que pensar isto aqui, por outro
lado, uma ênfase deve ser dada nas escolas à própria história da Cidade de
Porto Alegre. Esta Sessão vai ser motivo de uma reflexão. Há pouco perguntava o
Sr. Chefe de Polícia por que não trazíamos as escolas aqui por ocasião do
aniversário de Porto Alegre? É verdade. Nós teremos, ainda este ano, a
oportunidade de fazer uma integração, que já existe com as escolas, um programa
Câmara – Escola, mas por ocasião de alguns eventos solenes. Nós pretendemos
fazer uma divulgação da importância do estudo da história da nossa Cidade. Nós
conhecemos tanto a história das grandes revoluções, a história da Europa, a
história da Ásia, a história da América do Norte e, às vezes, não conhecemos a
história da nossa Cidade. Nós temos dois eventos, que são: dia 2 de maio, os 10
anos desta Casa, deste novo prédio; e temos, no dia 6 de setembro, os 223 anos
– e aí uma referência que o Ver. Lauro sempre cobra da criação da Câmara
Municipal de Porto Alegre. São dois bons momentos. Uma Câmara de Vereadores
anterior à Revolução Francesa, anterior à Revolução Americana, um parlamento da
nossa Cidade que deve ser pensado e sobre ele reflexões devem ser feitas. Com
estas referências, até autocríticas, nós encerramos a presente Sessão. Muito
obrigado.
(Encerra-se a Sessão às 18h36min.)
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